Coordenador Nivaldo Carneiro Junior
Projeto de Iniciação Científica Cidade para todos
Pesquisadora Sabrine Veloso Pires Klitzke
Orientadora Profª Dra. Anália Maria Marinho de Carvalho Amorim
A maior parte da população brasileira vive hoje em grandes cidades. Algumas soluções devem ser levadas em consideração como o mínimo necessário para facilitar a caminhabilidade e a convivência nas ruas. Esta pesquisa se dedicou, com especial atenção, à população idosa, com um recorte ainda mais específico a pessoa idosa que mora sozinha.
À medida que o organismo envelhece, os sentidos também passam por mudanças. Criar espaços públicos, estimulantes e seguros, auxilia na independência e autonomia do ser humano.
As calçadas possuem diversas funções que complementam e se relacionam com a mobilidade dos pedestres. Para a população idosa, as calçadas são espaços importantes e as soluções não devem ser pensadas como adaptações, mas sim desenhos inclusivos e definitivos, que promovam acessibilidade universal. A calçada ideal possibilita praticidade, função cognitiva, interação social, bem-estar emocional e contribui para o processo de “aging in place” que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a capacidade de continuar a viver na comunidade com o avanço da idade.
Um estudo feito pela Universidade de São Paulo mostra que uma pessoa idosa não consegue caminhar a 4,3 km/h, velocidade exigida pela CET-SP, ao atravessar semáforos. De acordo com o Guia Global de Desenho de Ruas, a velocidade média de uma pessoa idosa é de 1,8 km/h. A diferença entre as duas velocidades evidencia a necessidade de um tempo maior de travessia nos semáforos para o pedestre, para que se faça uma mobilidade mais equilibrada e justa para todos.
O desenho dos pontos de ônibus pode nivelar sua plataforma com o acesso ao veículo. Isso evita que a pessoa idosa tenha que dobrar a perna mais do que pode. Evita também o desequilíbrio e sana a falta de força para acessar o ônibus.
Rampas devem ser pensadas para um caminhar mais lento, com patamares de descanso, pontos de apoio e largas o suficiente para evitar o constrangimento de estar “atrapalhando o caminho”. Degraus devem ser pensados com alturas mais baixas,
Em cidades como São Paulo, onde o relevo não é plano, os desníveis devem ser pensados para serem suaves, sem trocas bruscas do material construtivo, sem pisos escorregadios e sempre com apoios.
O mobiliário urbano promove a interação entre os cidadãos, a ocupação das ruas, o direito à cidade e a segurança. Para a população idosa, possibilita o envelhecimento ativo, pois melhora a caminhabilidade e viabiliza a convivência, inclusive intergeracional. Barras de apoio bem-posicionadas no meio do percurso possibilitam a caminhada sem a ajuda de bengalas e andadores. Objetos de uso misto
– assentos e suportes – que podem servir de apoio e descanso de curta duração, ajudam a promover caminhadas mais longas e períodos mais largos dedicados à interação da pessoa com a sociedade. Devem ser mais altos do que assentos comuns para que demande menos esforço no sentar-se e levantar-se.
Com o passar do tempo, a carência por segurança nas grandes cidades fez com que os muros se tornassem mais altos. Muros mais baixos promovem espaços de apoio temporário para pessoas com mobilidade reduzida e ampliam o horizonte de visão do pedestre. Também possibilitam a interação entre os cidadãos, devido à ausência da barreira visual.
Para que a pessoa idosa possa se deslocar com autonomia, a cidade precisa abraçar soluções que a ajudem nessa tarefa. As preocupações aqui elencadas evidenciam os cuidados não apenas com as pessoas idosas, mas com todos os habitantes da cidade.