O projeto

Número do projeto:

CNPq – Pro Humanidades 2022 – 409932/2022

Título do Projeto

Pessoas idosas que moram sozinhas: demandas para as políticas públicas.

Elderly people living alone: demands for public policies.

Palavras-chave:

Saúde do Idoso. Envelhecimento Ativo. Desigualdades Sociais. Políticas Públicas. Idosos Morando Sozinhos.

Health of the Elderly. Active Aging. Social Inequalities. Public Policies. Elderly Living Alone.

Resumo 

O Brasil apresenta intenso e rápido processo de envelhecimento populacional. Estima-se que em 2038 será um país idoso, implicando importantes impactos socioeconômicos, assistenciais e epidemiológicos. Dimensões socioeconômicas, culturais, políticas, técnicas e gerenciais compõem quadro complexo e heterogêneo de determinantes estruturais e intermediários nas condições de vida e processo saúde-doença-cuidado das pessoas idosas, ocasionando vulnerabilidades. Nesse contexto, destacam-se aquelas que vivem sozinhas, emergindo como questão para políticas públicas. Trata-se de estudo transversal, exploratório com métodos quantitativo e qualitativo, com uso de dados primários e secundários. A análise quantitativa utilizará dados do Censo Demográfico 2022 (IBGE) e ELSI-Brasil (FIOCRUZ) sobre população idosa e idosos morando sozinhos: idade, sexo, renda, cor, deficiências e condições habitacionais. Abordagem qualitativa será realizada com dados coletados nos municípios de Jundiaí, Santo André e região central de São Paulo, empregando análise de conteúdo: documentos oficiais das políticas para idosos; grupos focais com agentes públicos e atores sociais do movimento social e organizações não governamentais voltadas à população idosa; e entrevistas semiestruturadas com idosos que moram sozinhos, visando conhecer trajetórias de vida, fragilidades, redes de apoio social e familiar, acesso aos serviços e bens públicos, condições de moradia.

Abstract

Brazil presents an intense and rapid process of population aging in the world. It is estimated that by 2038 it will be an aging country, implying important socioeconomic, health care and epidemiological impacts. Socioeconomic, cultural, political, technical and management dimensions compose a complex and heterogeneous picture of structural determinants and intermediaries in the living conditions and health care process of social groups, causing vulnerabilities. In this context, the elderly living alone stand out, emerging as an issue for public policies. This is a cross-sectional, exploratory study with quantitative and qualitative methods, using primary and secondary data. The quantitative analysis will use data from the Demographic Census 2022 (IBGE-Brazil) and ELSI-Brazil (FIOCRUZ) on the elderly population and the elderly living alone: age, sex, income, color, disabilities, and housing conditions. The qualitative approach will be through information collected in the municipalities studied in the project, using content analysis: official policy documents for the elderly; focus groups with public agents and social actors from the social movement and non-governmental organizations focused on the elderly population; and semi-structured interviews with elderly living alone in order to understand life trajectories, weaknesses, social and family support networks, access to services and public goods, housing conditions, among other issues. The cities of the metropolitan regions of the state of São Paulo studied in this research will be Jundiai, Santo André, and São Paulo.

Instituição executora: Faculdade de Saúde Pública da Santa Casa de São Paulo

Formação do grupo de pesquisa e convite aos pesquisadores para a composição da equipe. Condução do delineamento do projeto de pesquisa. Organização do planejamento da pesquisa. Coordenação e supervisão das atividades e ações de pesquisa, em suas diversas etapas. Articulação dos pesquisadores e instituições envolvidas e respectivos alunos de graduação e de pós-graduação. Integração entre os pesquisadores, os profissionais que integram as redes de atenção à pessoa idosa e os movimentos sociais.

Formation of the research group and invitation to researchers to form the team. Conducting the design of the research project. Organization of research planning. Coordination and supervision of research activities and actions, in their various stages. Articulation of researchers and institutions involved and respective undergraduate and graduate students. Integration between researchers, professionals who integrate care networks for the elderly and social movements.

Áreas de conhecimento: área predominante e área correlata

Ciências Sociais Aplicadas: Administração Pública; Política e Planejamento Governamentais.

Ciências da Saúde: Saúde Coletiva; Gerontologia; Saúde Pública.

Questão Central

O envelhecimento populacional no mundo está acelerado. O Índice de Envelhecimento (IE) para 2050 prevê uma estrutura etária envelhecida: 101 idosos (60 anos e mais) para cada 100 jovens. Nesse cenário, destacam-se os ‘grandes idosos’ (80 anos e mais), chegando 46,4 idosos/100 jovens (ONU, 2019). O envelhecimento da população brasileira nos próximos 20 anos trará importantes impactos socioeconômicos e sócio sanitários e novas questões desafiadoras ao sistema de proteção social. A área da saúde é implicada pela mudança do perfil epidemiológico e prevalência de morbidades crônico-degenerativas numa sociedade marcada por desigualdades sociais e iniquidades, tornando mais complexas as demandas para o Sistema Único de Saúde. Nessa perspectiva, urge que gestores públicos, pesquisadores e sociedade civil organizada concebam processos conjuntos visando conhecimentos e formulações políticas que garantam efetiva proteção da população, especialmente os grupos em vulnerabilidade social, liderando agendas multissetoriais que incidam nos determinantes sociais (Barbosa, 2021). O envelhecimento populacional ainda é uma questão desafiadora para a agenda pública. Todavia, não se pode pensar homogeneamente a população idosa. O etarismo como forma de distinguir adultos/idosos não é suficiente para explicar diversas formas de envelhecer e de ser velho, que variam historicamente no espaço e no tempo. Há questões individuais e coletivas a serem consideradas nas novas formulações de políticas específicas e intersetoriais, como para os idosos que vivem sozinhos. No Brasil a presença de domicílios de idosos vivendo sozinhos é um fenômeno contemporâneo (Negrini et al, 2018), representando 22,2% na Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar e no estado de São Paulo, 21,9% dos domicílios (IBGE, 2014). O Estudo Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (SABE, 2015) na cidade de São Paulo apontou 290.772 idosos morando sozinhos, dos quais 63,1% com comorbidades crônicas e 65,1% considerados frágeis, com suas atividades de vida diária limitadas, implicando na independência e prejuízos na autonomia (Duarte; Domingues, 2022). Importantes políticas foram implantadas na atenção ao idoso: Política Nacional do Idoso (1994), Estatuto da Pessoa Idosa (2003), Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (2006) e Rede de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa (2014), atuando na proteção social desses indivíduos. Tais políticas fomentaram programas locais, como na cidade de São Paulo o Programa de Acompanhante de Idosos (São Paulo, 2012), o Serviço de Alimentação Domiciliar para Pessoa Idosa (São Paulo, 2022) e na habitação Vila dos Idosos do Pari em resposta ao movimento social de idosos (Deus, 2010). A Estratégia Saúde da Família e o Serviço de Assistência à Família e Proteção Social Básica no Domicílio, áreas da saúde e assistência social, respectivamente (Silvestre; Costa Neto, 2003; São Paulo, 2022) são potentes serviços de base territorial, em Rede, para a identificação e inclusão de idosos em situação de vulnerabilidade. Todavia, observa-se que o idoso sozinho com dificuldades funcionais não é contemplado na Rede de Atenção, condicionando-se as ações à existência de cuidador, no caso da assistência domiciliar (Brasil, 2016). Tal fato desconsidera as demandas específicas, mantendo as práticas e iniquidades. Dimensões socioeconômicas, culturais, políticas, técnicas e gerenciais compõem um quadro complexo e heterogêneo de determinantes estruturais e intermediários, como situação social, hábitos e escolaridade, condições de vida que impactam o processo saúde-doença-cuidado desses grupos sociais, implicando em vulnerabilidades (Barata, 2015). Nesse sentido, impõe-se problema/questão central na agenda pública o olhar quanti-qualitativo sobre idosos vivendo sozinhos, apreendendo os determinantes sociais em vista à formulação de políticas de integralidade do cuidado nas Redes de Atenção e Proteção Social.

Objetivos

Geral:

Analisar os determinantes estruturais e intermediários de vulnerabilidade, identificando necessidades e demandas de pessoas idosas que moram sozinhas em Regiões Metropolitanas do estado de São Paulo.

Específicos:

  1. Caracterizar perfil sociodemográfico de pessoas idosas que moram sozinhas.
  2. Caracterizar Rede de Atenção ao Idoso setorial/intersetorial.
  3. Reconhecer trajetórias de vida de idosos que moram sozinhos.
  4. Identificar barreiras domiciliares, territoriais e acessos aos serviços e espaços públicos para idosos que moram sozinhos.
  5. Contribuir para formulação de políticas públicas informadas por evidências para idosos que vivem sozinhos.

Relevância

Envelhecer e continuar vivendo sozinho em sua própria casa pode ser uma escolha que garante satisfação e qualidade de vida. Para tornar possível a permanência no local de moradia, além dos recursos domiciliares, fatores ambientais externos são necessários. Entre esses, políticas de apoio social, financeiro e tecnológico são decisivos na independência e funcionalidade dos idosos e devem ser levados em consideração. No entanto, a combinação entre declínio na funcionalidade, presença de doenças crônicas, menores rendimentos e isolamento social podem tornar os idosos morando sozinhos mais vulneráveis e suscetíveis à solidão, por barreiras em seu ambiente físico e social, como falta de apoio familiar e de acesso a recursos sociais e comunitários além de medo de violência. Além disso, se considerarmos as diferentes trajetórias de vida no contexto da diversidade, do envelhecimento de grupos menorizados, pode ser que estes aspectos sejam ainda mais importantes. Será que as políticas de inclusão e proteção social identificam e acolhem estas pessoas? Este estudo propõe identificar quem são, onde estão e do que precisam idosos que moram sozinhos e com qual rede de atendimento social e de saúde eles podem contar, a partir de suas vivências. Desta forma novas soluções podem ser propostas a um problema subdimensionado. Identificar nós críticos nas políticas de inclusão social, do ponto de vista intersetorial, bem como estratégias mais adequadas ao seu enfrentamento, a partir da perspectiva do próprio idoso que mora só, poderá reduzir os impactos da incapacidade no envelhecimento. Para tanto, este estudo se propõe a ouvir e articular agentes públicos, pesquisadores, profissionais de saúde e de serviços sócio sanitários, segmentos de representação da pessoa idosa da sociedade civil na identificação de problemas ainda não identificados. Irá inovar ao apresentar dados quantitativos e pesquisa qualitativa, abordando questões particulares desta população para contribuir com a pesquisa de implementação das políticas públicas e difusão do conhecimento sobre envelhecimento e modos de viver.

Ainda se observa uma desconexão entre achados de pesquisa científica e as políticas públicas e a aproximação entre resultados das pesquisas científicas, a sociedade civil e os gestores ainda não é uma realidade em todo mundo, e não é diferente no Brasil ou em São Paulo (García-Esquinas et al, 2016; Lawrence, 2017).

Para aumentar o avanço do conhecimento neste campo é necessária uma intervenção transdisciplinar, multiprofissional, com compartilhamento de conhecimento entre pesquisadores de diferentes áreas, como apresentada pela equipe que compõe esta proposta. Mas, como já ressaltado, este trabalho é fortalecido pelo vínculo e colaboração com coletivos de idosos da sociedade civil, gestores e profissionais de diferentes setores como saúde, a assistência social e habitação.

Potencial de Inovação

Na perspectiva da Agenda 2030 – ONU e da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Diagnóstico CHSSALLA no Brasil, faz-se necessário pautar questões contemporâneas e emergentes para políticas públicas tendo em vista proteção de populações em situação de vulnerabilidades. Nesse contexto, envelhecimento populacional e parcela significativa de pessoas idosas vivendo sozinhas com fragilidades, baixa acessibilidade aos serviços públicos e precárias redes de apoio social destacam-se como questão social. Realidade complexa, heterogêneas necessidades sociais e demandas assistenciais ainda é invisível na agenda pública, sendo tratada de forma pontual, isto é, carente de uma abordagem setorial/intersetorial integral e equânime, apoiada em evidências científicas (Toma et al, 2017) e com participação de atores sociais atuantes na defesa dos direitos da pessoa idosa.

Nesse sentido, esse projeto de pesquisa apresenta-se inovador e potente, isto é, dá visibilidade a uma questão social emergente na sociedade brasileira em franco processo de envelhecimento populacional, desigualdades sociais e iniquidades no acesso aos serviços públicos, necessitando respostas eficientes e efetivas do poder público. Desse modo, o referencial teórico-metodológico das “Políticas Informadas por Evidências – PIE” (Toma et al, 2017) é fundamental no desenho desse projeto e sua potente contribuição para os formuladores da agenda pública. Por fim, outro aspecto que dá potência ao projeto refere-se à inserção de atores sociais atuantes no movimento em defesa dos direitos da pessoa idosa, particularmente na cidade de São Paulo – Rede de Defesa da Pessoa Idosa (RDPI), Grupo de Articulação para Moradia do Idosa da Capital (GARMIC), Coletivo Envelhecer, entre outros. Esses grupos vêm a tempo vocalizando a necessidade de políticas públicas para idosos morando sozinhos, promovendo discussões com agentes públicos, pesquisadores e setores da sociedade civil organizada. Também potentes participações no desenvolvimento desse projeto, parceiros nas discussões e qualificações das etapas executadas (articulações já em andamento desde essa submissão) agentes públicos de setores da política de atenção ao idoso– saúde e direitos humanos; das gestões públicas dos municípios de Santo André e São Paulo. Espera-se que no andamento do projeto novos gestores participem. Outro aspecto que reforça potencial inovador do projeto refere-se inclusão dessa temática e questões abordadas nas estratégias de curricularização da Extensão Universitária dos cursos de graduação, atendendo a Resolução Nº 7, de 18 de dezembro de 2018, do Ministério da Educação. Nessa perspectiva, a equipe de pesquisadores desse projeto assume o compromisso ético-político de organizar espaços contínuos de escuta e discussão com os atores sociais e agentes públicos envolvidos potencialmente na agenda pública do tema em foco, apresentando evidências científicas, etapas da pesquisa e seus resultados.

Caráter Multi / Interdisciplinar

Multidisciplinar e interprofissional – pesquisa multicêntrica – envolvendo 05 (cinco) Instituições de Ensino e Pesquisa, compondo uma equipe de pesquisadores nas diversas áreas do conhecimento: gestão pública em saúde, ciências sociais e humanas, ciência da informação, arquitetura e urbanismo, gerontologia, fisioterapia e saúde coletiva.

Nessa perspectiva, reforça a visão não somente interdisciplinar necessária para a pesquisa proposta, mas com abordagem transdisciplinar para que a formulação e contribuição para sua implementação da política informada em evidências sejam adequadas. Esta transdisciplinaridade será complementada com contribuições de gestores de diferentes setores governamentais (saúde, assistência social, habitação e direitos humanos), assim como pelas representações do movimento social de idosos. O projeto aqui apresentado, justamente por sua característica interdisciplinar e multicêntrica, pode oferecer um grande potencial de difusão do conhecimento, como também das práticas sociais.

A tarefa de elaboração e implantação de políticas e programas voltados à população idosa que vive sozinha precisa considerar que distintas realidades provavelmente serão encontradas nos territórios, o que torna o objeto de estudo uma questão complexa e multifatorial. Diante disso, as vulnerabilidades encontradas junto à população estudada poderão assumir contornos diferentes, exigindo a construção de redes de diálogo e a mobilização de setores, recursos e potencialidades existentes nos espaços sociais.

Mesmo considerando os avanços registrados em termos de legislação, políticas e programas destinados à pessoa idosa no Brasil, faz-se necessário compreender como esse avanço tem repercutido na vida dos idosos, em particular os que vivem sozinhos, ao relacionar-se aos fatores estruturais da sociedade e à dinâmica do processo de envelhecimento. No âmbito local, mesmo em cidades brasileiras de médio porte, os fatores sociais como morar em ambientes precários, possuir baixo nível de escolaridade, apresentar baixo status socioeconômico e limitado acesso aos serviços públicos podem ainda contribuir com o aumento das vulnerabilidades e provocar impactos na saúde dos idosos, fragilizando-os com perda de autonomia e desgaste físico acelerado. Compreender como essa realidade se apresenta, buscando refletir sobre abordagens de cuidado integral, que exigem intervenções de caráter multidimensional e multissetorial, através de pesquisas na área do envelhecimento e suas interfaces com o campo do saber e das práticas da gestão pública torna-se prioridade em face das aceleradas mudanças na estrutura etária da população brasileira e os dilemas resultantes disso para se alcançar a meta de um envelhecimento mais saudável.

Metodologia

Estudo transversal, qualitativo e quantitativo, com dados primários e secundários. A abordagem quantitativa será realizada com dados Censo Demográfico 2022 (IBGE) e Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil-FIOCRUZ), coorte de base populacional nacionalmente representativa de pessoas com 50 anos ou mais. Serão selecionados dados de idosos residentes nas cidades de São Paulo, Santo André e Jundiaí. As análises estatísticas das variáveis demográficas, socioeconômicas, condições de vida e desfechos em saúde serão no programa STATA versão 17, por meio do pacote survey, para obtenção de médias e proporções com intervalos de confiança de 95%, empregando fatores de ponderação.

Método qualitativo a partir dos dados coletados nos municípios estudados no projeto de pesquisa, empregando análise de conteúdo temática (Bardin, 2000; Poupart et al, 2014) para os seguintes materiais: a) documentos oficiais das políticas para idosos – assistência social, habitação, saúde e outras áreas sociais dos municípios pesquisados, visando caracterizar Rede de Atenção setorial/intersetorial, identificando atuação para idosos vivendo sozinhos; b) grupos focais com agentes públicos das áreas sociais – gestores e profissionais; e atores sociais atuantes em organizações não governamentais voltadas à população idosa. Poderão ser realizadas entrevistas semiestruturadas em situações impeditivas para grupos focais. Perguntas sobre serviços da Rede de Atenção ao Idoso, particularmente os que moram sozinhos, acesso, ações, necessidades, condicionalidades entre outras. A partir desses grupos focais e/ou entrevistas serão identificados idosos que moram sozinhos em diversas situações de vulnerabilidade social para c) entrevistas semiestruturadas visando conhecer trajetórias de vida, fragilidades, redes de apoio social e familiar, acesso aos serviços e bens públicos, condições de moradia, entre outros. Os grupos focais e as entrevistas serão gravados em meio digital para posterior transcrição e análise. Os sujeitos participantes assinarão TCLE aprovados pelo CEP. As cidades das Regiões Metropolitanas do estado de São Paulo aqui estudadas e territórios das Instituições nas quais os pesquisadores estão vinculados:

  1. Jundiaí, município da Região Metropolitana de Campinas, 411.878 hab., dos quais 18,2% idosos (SEADE, 2022).
  2. Santo André, município da Região Metropolitana de São Paulo, 695.496 hab., dos quais 19% idosos (SEADE, 2022).
  3. São Paulo, município polo da Região Metropolitana de São Paulo, metrópole mundial com 11.960.216 hab., marcada por profundas desigualdades sociais inter territoriais. População idosa de 17,5% (SEADE, 2022). Desse total a região central responde por 18,6%. De acordo com o Censo 2010 esse território apresentava 27,2% de idosos morando sozinhos (IBGE, 2010). Nesse sentido, a região centro será campo preferencial da etapa qualitativa dessa pesquisa.

Produtos e Resultados Esperados

  1. Elaboração e submissão de artigos em periódicos científicos nas áreas temáticas desse projeto.
  2. Apresentação de trabalhos em eventos científicos, nacionais e internacionais, nas respectivas áreas de conhecimento desse projeto.
  3. Elaboração de textos e informações para mídia em geral.
  4. Confecção de Mapa georreferenciado de idosos que vivem sozinhos nos municípios de Jundiaí, Santo André e São Paulo.
  5. Produção do Mapa da Rede de Atenção à Pessoa Idosa nos municípios de Jundiaí, Santo André e São Paulo, apontando suas fortalezas e fragilidades setoriais e intersetoriais.
  6. Manutenção de sítio web do projeto, disponibilizando documentação, atividades de pesquisa, constituição da memória e de sua comunicação interna e externa.
  7. Realização de dois workshops com agentes públicos, profissionais e organizações do movimento social de idosos para discutir resultados parciais e finais desse projeto, construindo, assim, indicadores para formular políticas públicas para idosos que vivem sozinhos.
  8. Produção de ‘Documento Norteador’ para as políticas públicas informadas por evidências de atenção ao idoso que vive sozinho em diferentes situações de vulnerabilidade social.
  9. Instalação de Fórum permanente de políticas públicas para idosos que vivem sozinhos nas respectivas cidades pesquisadas, com participação de atores do movimento social da pessoa idosa, agentes públicos e pesquisadores.
  10. Fortalecimento da rede de pesquisadores das Instituições de Pesquisa e Ensino constituída nesse projeto, promovendo, desse modo, novas investigações, como também possibilidade de parcerias com outros grupos nacionais e internacionais.
  11. Estímulo a formação de profissionais nas áreas de envelhecimento e políticas públicas.
  12. Estabelecimento de parcerias com agentes públicos para desenvolver estratégias de educação permanente para profissionais da rede de atenção a pessoa idosa nos municípios de Jundiaí, Santo André e São Paulo.

Impactos Esperados

  1. Pautar na agenda pública a necessidade de políticas e programas para idosos que vivem sozinhos.
  2. Articular agentes públicos, pesquisadores e segmentos da sociedade civil visando inserção na agenda pública de políticas para idoso que vivem sozinhos.
  3. Difundir conhecimento sobre envelhecimento e políticas públicas no meio acadêmico como também na sociedade em geral.
  4. Fomentar a formação de profissionais nas áreas afins sobre envelhecimento e identificar os problemas das atuais políticas públicas de proteção a pessoa idosa vulnerável que mora só, propondo soluções que poderão ter continuidade em um estudo de implementação.
  5. Reduzir iniquidades sociais no acesso aos serviços públicos para idosos que vivem sozinhos.

Plano de Divulgação Científica

De natureza transversal, portanto, agregadora de olhares e conhecimentos dos vários estatutos disciplinares, a coordenação do plano de divulgação científica propõe-se a acompanhar, de forma ativa e criativa, as discussões, atividades e produções originadas no projeto a partir de uma estratégia de registro, documentação, memória e divulgação a ser elaborada conjuntamente com as instituições que compõem a rede. Cabe sensibilizar e preparar os/as pesquisadores/as e demais membros das equipes, para que atuem de forma coordenada e sintonizada no fornecimento de informações e registros para criação das peças para divulgação dos resultados. A coordenação irá mediar as interações com membros do poder público, associações de bairro, coletivos e outros grupos da sociedade civil organizada no sentido de identificar indivíduos e necessidades que possam ser contemplados com a pesquisa, ao mesmo tempo que irá providenciar o registro, guarda e disponibilização dos diversos conteúdos produzidos em entrevistas e outas interações. Da mesma forma, a divulgação científica se apresenta como interface com as entidades vencedoras para a linha 6 desse Edital, atendendo solicitações, cumprindo prazos, e oferecendo produtos de acordo com o previsto.

Escopo:

Desenvolvimento de estratégia de documentação e cobertura das atividades de pesquisa, de constituição de sua memória e de sua comunicação interna e externa, em parceria com as equipes de investigação da rede, conforme segue:

  1. Planejamento e realização de dispositivo eletrônico de organização e disponibilização de documentos e resultados.
  2. Desenvolvimento de produtos de comunicação (periódicos e eventos acadêmicos) e divulgação científica para público não especializado (mídia em geral) de acordo com o andamento dos trabalhos e pesquisa e construção de resultados.
  3. Organização de evento de abertura dos trabalhos de pesquisa, para estabelecimento de meios e rotinas de comunicação interna, diretrizes e parâmetros de relacionamento das diversas parcerias institucionais, com formação de rede colaborativa multimídia.
  4. Organização de atividade de capacitação para pesquisadores/as e bolsistas, pautada em metodologia de comunicação científica (via verde, via dourada), de acordo com as expectativas de democratização do conhecimento científico e em sintonia com as áreas acadêmicas das instituições.

Plano de ação para Comunicação

Primeira etapa: Desenvolvimento de estratégia de cobertura e documentação do projeto, de constituição de sua memória e de sua comunicação interna e externa, com a produção de documento descritivo da estratégia de cobertura e documentação das atividades.

Segunda etapa: Organização da atividade de formação interdisciplinar para pesquisadores/as e bolsistas, pautada na metodologia de comunicação e divulgação científica.

Terceira etapa: Acompanhamento, registro e realização de programa de divulgação e memória.

Capacitação da Equipe

A equipe desse projeto é composta por professores e pesquisadores com experiências acadêmicas e docência profissional e interprofissional, referenciados em seus respectivos campos de conhecimento, participando ativamente em associações científicas, como Associação Brasileira de Saúde Coletiva e Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Há pesquisadores com formações específicas nas áreas de envelhecimento e políticas e gestão pública e outros membros com competências nos aportes teórico-metodológicos das ciências sociais; metodologias qualitativas e quantitativas; urbanismo; e gestão do conhecimento, campos de interfaces necessárias diante da complexidade do tema aqui proposto. Destacam-se algumas das produções da equipe:

1) Silva, Alexandre et al. Iniquidades raciais e envelhecimento: análise da coorte 2010 do Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE). Rev. Bras. de Epidemiologia, 2018, v. 21, Suppl 02.

2) Domingues, Marisa Accioly RC et al. Instrumentos de avaliação de Rede de Suporte Social. In: Freitas EV et al (Eds). Tratado de Geriatria e Gerontologia. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2022. p. 1345-1360.

3) Amorim, Anália Maria Marinho de Carvalho coordenadora do curso de Pós-Graduação lato sensu Conceber e Construir, contribuindo para o estudo das cidades e sua relação com os 60+, Escola da Cidade, São Paulo.

4) Ferrer, Michele Lacerda Pereira et al. WHODAS 2.0-BO: dados normativos para avaliação de incapacidade em idosos. Rev. Saúde Pública, 2019, v. 53.

5) Xavier, GTO; Nascimento, Vânia Barbosa; Carneiro Junior, Nivaldo. The contribution of Home Care to the construction of health care networks from the perspective of health professionals and elderly users. Rev. Bras. de Geriatria e Gerontologia, 2019, v. 22, p. 1-12.

6) Montanari, Patrícia Martins. [Orelha do livro]. Montenegro, RCF. Envelhecimento com dependência e o debate do cuidado como direito social. Curitiba: CRV, 2021.

Referências

BARATA RB. Saúde nas grandes metrópoles e populações socialmente vulneráveis. Revista USP, São Paulo, n. 107, p. 27-42, 2015.

BARBOSA J; RAMALHO W. Possíveis cenários epidemiológicos para o Brasil em 2040. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2021. 48 p. – (Textos para Discussão; n. 55).

BARDIN L. Análise de conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 825 de 25 de abril de 2016 que Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e atualiza as equipes habilitadas. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0825_25_04_2016.html. Acessado em: 23 set. 2022

DEUS SIA. Um modelo de moradia para idosos: o caso da Vila dos Idosos do Pari São Paulo (SP). Caderno Temático Kairós Gerontologia, 8. São Paulo, novembro 2010: 195-213.

DUARTE YAO; DOMINGUES MAR. Residir sozinho: opção ou falta de opção? In: FREITAS EV et al (Eds). Tratado de Geriatria e Gerontologia. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2022. p. 143-145.

GARCÍA-ESQUINAS E, PÉREZ-HERNÁNDEZ B, GUALLAR-CASTILLÓN P, BANEGAS JR, AYUSO-MATEOS JL, RODRÍGUEZ-ARTALEJO F. Housing conditions and limitations in physical function among older adults. J Epidemiol Community Health [Internet]. 2016 Oct;70(10):954–60. Available from: http://jech.bmj.com/lookup/doi/10.1136/jech-2016-207183.

IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2014. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94935.pdf Acessado em: 23 set. 2022.

IBGE. Censo Demográfico 2010. IBGE: Rio de Janeiro, 2010.

LAWRENCE RJ. Constancy and Change: Key Issues in Housing and Health Research, 1987-2017. International journal of environmental research and public health, 2017, 14(7), 763. https://doi.org/10.3390/ijerph14070763.

NEGRINI ELD, et al. Quem são e como vivem os idosos que moram sozinhos no Brasil. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2018; 21(5): 542-550. D.O.I. 10.1590/1981-22562018021.180101.

ONU, 2019. World population prospects. Dipo nível em: (https://www.un.org/development/desa/pd/sites/www.un.org.development.desa.pd/files/wpp2022_summary_of_results.pdf).

Acessado em: 23 set. 2022.

POUPART J et al. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Trad. Ana Cristina Arantes Nasser. 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 2014.

SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal de Saúde. Documento Norteador Programa Acompanhante de Idosos do município de São Paulo. São Paulo: SMS, 2012. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/pessoaidosa/DocumentoNorteador-PAI.pdf. Acessado em: 23 set.2022.

SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Serviço de Alimentação Domiciliar para Pessoa Idosa. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/assistencia_social/idosos/index.php?p=331341. Acessado em: 23 set.2022.

SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Serviço de Assistência Social à Família e Proteção Básica no Domicílio (SASF). Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/assistencia_social/rede_socioassistencial/familia/index.php?p=334142. Acessado em: 23 set. 2022.

SEADE. Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados de São Paulo. Estimativa Populacional, ano 2022. Disponível em https://populacao.seade.gov.br/ Acesso em 25 set 2022.

SILVESTRE JA; COSTA NETO MM. Abordagem do idoso em programas de saúde da família. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(3):839-847, mai-jun, 2003.

TOMA TS et al (Orgs.). Avaliação de tecnologias de saúde & políticas informadas por evidências. São Paulo: Instituto de Saúde, 2017. 456p (Temas em saúde coletiva, 22).